Escrever sobre viagem é reviver a viagem
Quando abraçar uma nova ideia parece a melhor ideia
Tem momentos em que deixamos de lado uma leitura para dar espaço para outro livro que brilha aos nossos olhos. Seja por ganharmos um exemplar de presente, ter comprado o lançamento da nossa autora preferida ou simplesmente porque precisamos de um determinado livro naquele instante, é natural – e prudente – respeitarmos nossa vontade e nos deixar levar pela animação. Abandonar leituras e retomá-las faz parte da dinâmica de uma leitora, de um leitor. No futuro, podemos retomar a leitura original, inclusive mais preparados para aquilo que o livro queria nos dizer desde o início.
O mesmo acontece com a escrita. Sobretudo para quem escreve textos por prazer, é comum surgir novas ideias de projetos o tempo todo. Algumas passam como marolinhas e só movimentam a determinação de escrever aquilo que a gente está escrevendo. Outras são ondas gigantes, nos tombam, tomam nosso ‘barco’, nos levam para novos portos. Fica impossível seguir em frente sem antes abraçar uma nova rota, um novo meio, uma nova visão.
Ultimamente, me vi com o desejo de voltar a escrever crônicas. Após escrever poesia, me atrever a escrever um livro infantil, ter concluído uma dissertação e me dedicado a escrever um romance por quase um ano, era como se quisesse voltar a sentir um pouco de conforto dentro da escrita. Por ser um texto curto, escrito em poucas horas, cujos temas abordam o cotidiano e seus pequenos milagres, a crônica me proporciona essa sensação de conclusão, adequação, bem-estar no papel de escritora. Não é que não voltarei ao romance, não escreverei mais poemas, não tentarei publicar o meu livro infantil; tudo isso terá seu tempo, mas não é agora.
Por conta dos meus estudos sobre escrita de viagem, adquiri mais referências para expressar o que senti ao visitar, viver, experimentar os locais por onde passei. Assim, meu próximo projeto segue a temática das viagens. Ele tem um fio condutor, um planejamento, uma estrutura. A ideia é, ao escrever sobre os lugares que estarão no livro, reviver as emoções de uma fase incrível da minha vida, em conexão com uma nova cultura, uma nova geografia, uma nova dinâmica.
No meu primeiro livro, usei como epígrafe uma frase do escritor Gabriel García Márquez que diz: “a vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la”. Mais uma vez, espero que as minhas memórias me aproximem de volta ao que vivi e, a partir delas, saiba contá-las à altura.
COLAGEM DE DICAS
EVENTO: Mais um PUB & WRITING em Londres pra quem gosta de escrever ou é curiosa/ curioso para começar. Ainda tem vagas para o dia 18/03 (2ª feira) e para o dia 20/03 (4ª feira) às 18h45, no The Wheatsheaf. Inscrições aqui.
FILME: Miss Potter (dirigido por Chris Noonan), um filme de 2006, me encantou ao contar a história da célebre escritora e desenhista inglesa Beatrix Potter, conhecida pelo personagem Peter Rabbit. Estrelado por Renée Zellweger (sempre fã) e Ewan McGregor (sempre sempre sempre fã), o filme mostra a trajetória da autora que fez sucesso na Inglaterra vitoriana escrevendo e ilustrando livros sobre animais fofos numa época em que não se dava importância à literatura infantil. Como bônus, mostra as paisagens maravilhas de Lake District, no norte da Inglaterra.